(FIFA.com) Terça-feira 3 de janeiro de 2012
Dois gols olímpicos nas semifinais da Liga dos Campeões da Ásia, dois gols de pênalti nas finais do Campeonato Sul-Coreano e outras diversas oportunidades criadas em cobranças de faltas e cruzamentos venenosos. O dono desse invejável currículo em bolas paradas é o brasileiro Eninho, meia atacante que teve pouco destaque em seu país de origem, mas que deu ao Jeonbuk Motors um toque de classe na melhor temporada da história do clube.
A precisão dos chutes do brasileiro fez a diferença no final de 2011. À medida que o Jeonbuk avançava na K-League e no torneio continental, Eninho se transformava em sua principal arma ofensiva, levando defesas e goleiros adversários à loucura a cada vez que se apresentava para escanteios ou faltas. Os do Al-Ittihad que o digam: foram dois gols olímpicos sofridos, um deles com a ajuda dos zagueiros, que simplesmente entraram em pânico ao ver a bola quicar na pequena área.
“Na verdade, este foi com um pouco de sorte”, admite Eninho ao FIFA.com. “Escorreguei na cobrança e a bola saiu quase rasteira. O zagueiro se atrapalhou e acabou matando o goleiro”, completa, rindo. “Mas o importante é que deram o gol para mim.” Uma semana mais tarde, não teve escorregão. “O segundo foi mais bonito, porque bati direto. A confiança estava alta e aproveitei. Quase marquei outros até o final do ano.”
A série, no entanto, parou por aí. Em compensação, vieram gols das mais diversas formas. Foram dez nos últimos nove jogos da temporada, números que superaram mesmo os do companheiro de ataque Dong-Gook Lee, eleito o craque da última K-League, e que fizeram dele um dos jogadores mais cobiçados do país. “Sou respeitado aqui. Se você perguntar a muitos dirigentes, eles vão dizer que gostariam de ter o Eninho em seus times. Fico feliz por esse reconhecimento”, aponta.
Dupla nacionalidade
Eninho só não conseguiu ser decisivo em um momento nestes últimos meses: na final da Liga dos Campeões da Ásia. Mesmo tendo acertado sua cobrança na decisão por pênaltis, ele viu o Jeonbuk ser derrotado pelo surpreendente Al-Sadd, em resultado que não chegou a tirar o brilho do grande ano da equipe. Apesar da dolorosa queda, o que certamente ficará na lembrança dos torcedores é a maneira alegre e, sobretudo, ofensiva de atuar do grupo liderado por Choi Kang-Hee.
Eninho só não conseguiu ser decisivo em um momento nestes últimos meses: na final da Liga dos Campeões da Ásia. Mesmo tendo acertado sua cobrança na decisão por pênaltis, ele viu o Jeonbuk ser derrotado pelo surpreendente Al-Sadd, em resultado que não chegou a tirar o brilho do grande ano da equipe. Apesar da dolorosa queda, o que certamente ficará na lembrança dos torcedores é a maneira alegre e, sobretudo, ofensiva de atuar do grupo liderado por Choi Kang-Hee.
Uma pequena revolução no país que teve em Eninho um de seus grandes apoiadores. “O Jeonbuk foi o time que mais marcou gols na Coreia e isso graças ao estilo do Hee. Ele implantou um lema chamado ‘cale-se e ataque’ e soube usar muito bem cada peça que tinha à disposição”, explica o brasileiro, não poupando elogios ao novo comandante da seleção sul-coreana e a quem considera como um membro de sua família.
“Temos uma relação excelente. Posso até dizer que ele é um pai para mim na Coreia”, reconhece. “Ele é tranquilo, diferente de outros treinadores. Gosta de conversar e tentar acertar as coisas sem punições ou broncas. É com esta atitude que conquistamos quase tudo.”
A vida começa aos 30
A análise é serena, mas poderia ser encarada como um desabafo. Afinal, Eninho só foi “dar certo” no futebol perto dos 30 anos, muito depois de tentar a sorte nos quatro cantos do Brasil, em times praticamente sem expressão. Sua sorte mudou em 2007, quando iniciou no Daegu sua segunda passagem pela Coreia do Sul.
A análise é serena, mas poderia ser encarada como um desabafo. Afinal, Eninho só foi “dar certo” no futebol perto dos 30 anos, muito depois de tentar a sorte nos quatro cantos do Brasil, em times praticamente sem expressão. Sua sorte mudou em 2007, quando iniciou no Daegu sua segunda passagem pela Coreia do Sul.
“Na época, estava jogando o Campeonato Alagoano pelo Coruripe e não pensei duas vezes em aceitar a proposta. Nunca tive empresário e isso dificultava para mim. Além disso, não tinha muita regularidade no Brasil: jogava bem dois jogos e depois caía”, relembra. “Quando vim para cá as coisas mudaram, ao ponto de o pessoal se perguntar por que me liberaram em 2003, quando estava no Suwon.”
Amadurecido pelos anos de incerteza no futebol brasileiro, Eninho foi para o Jeonbuk em 2009, e sua nova mentalidade se encaixou como uma luva na da equipe. O resultado foi benéfico para ambos, como ficou claro em 2011. “Fico feliz em dizer que tive uma boa parcela no crescimento da equipe. O respeito que tenho no clube faz com que a gente se mantenha bem e se motive ainda mais.”
E se a idade é relativamente avançada – fará 31 anos em maio –, o espírito de Eninho é semelhante ao de um garoto que acabou de assinar seu primeiro grande contrato. Por isso mesmo, ele só pensa em aproveitar os melhores anos de sua vida. “Quando estou com a cabeça boa as coisas fluem naturalmente. Sempre carreguei o peso de tentar ajudar meus pais, mas hoje posso dar essa vida tranquila para eles”, explica. “E isso me faz pensar em crescer ainda mais nestes próximos quatro ou cinco anos. Sei que só tenho a melhorar.”
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