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terça-feira, 5 de março de 2013

Hugo Chávez morre aos 58 anos após lutar contra câncer de pélvis

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou, no início da noite desta terça-feira (5), em rede de rádio e televisão, a morte do presidente Hugo Chávez. Maduro confirmou notícia dada na noite passada sobre o agravamento do estado de saúde de Chávez. O presidente morre aos 58 anos, depois de enfrentar longo tratamento contra câncer de pélvis. Ele não era visto desde dezembro do ano passado, quando foi submetido a uma cirurgia em Havana.
No pronunciamento, Maduro disse que, nas próximas horas, o governo vai informar onde será velado o corpo de Chávez e dará detalhes sobre o sepultamento. Maduro pediu que o povo venezuelano enfrente este momento "com  o amor que Chávez ensinou". O vice-presidente encerrou a fala com a frase: "Viva Hugo Chávez! Viva para sempre!".
Ferrenho crítico do neoliberalismo e do governo dos Estados Unidos, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, morreu vítima de um câncer na região pélvica, com o qual convivia há um ano e meio. Ele era amigo e aliado do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e da atual presidenta Dilma Rousseff. Por coincidência, ambos também se submeteram a tratamento de câncer e foram declarados curados.
Desde que sua enfermidade foi diagnosticada, em junho de 2011, Chávez passava longos períodos em Cuba, onde tratava a doença.
Líder há 13 anos, Chávez adotou medidas estatizantes
Hugo Chávez assumiu a Presidência da República pela primeira vez em 1999 e foi duas vezes reeleito para o cargo – a última delas em outubro do ano passado, quando venceu Henrique Capriles. Venceu 13 das 14 eleições, plebiscitos e referendos ocorrideos na Venezuela desde que está no poder. Todos os pleitos firam fiscalizados por organismos e observadores de todo o mundo, e nunca houve suspeitas fundamentadas de fraude.
Como paraquedista militar, Chávez sempre se orgulhou da disposição física. Era praticante de beisebol e fazia caminhadas diárias. Porém, no ano passado, admitiu estar com câncer.
Chávez foi internado em Havana, Cuba, para três cirurgias de urgência. Em uma delas, o presidente informou ter retirado um tumor da região pélvica. Dias depois confirmou que estava com câncer. Informações atribuídas a assessores indicaram duas suspeitas para o tumor de Chávez: no cólon ou na próstata. Porém, não houve detalhamento oficial.
Em dezembro de 2012, Chávez retornou a Cuba para mais uma cirurgia. Antes de deixar a Venezuela, pediu à população para que, na eventualidade da sua ausência, apoiasse o vice-presidente, Nicolás Maduro. A reação de Chávez surpreendeu e foi interpretada como a antecipação da transmissão do cargo de presidente. Imediatamente à partida de Chávez, foi aberta uma disputa política interna no país entre governistas e oposicionistas.
Chávez ficou mais de dois meses em Cuba. Depois, retornou à Venezuela. 
Revolução Bolivariana
No comando do governo durante 12 anos, a palavra de ordem de Chávez foi a Revolução Bolivariana em defesa da unidade latino-americana e da melhoria da condição de vida dos mais pobres. Definindo-se como socialista, o presidente era um crítico do neoliberalismo, da globalização e da política norte-americana. Também se dizia defensor do nacionalismo, adotando medidas estatizantes e causando temores em investidores externos, segundo especialistas.
Desde 2000, Chávez promoveu a nacionalização de vários setores da economia do país. Inicialmente, estatizou a siderúrgica Sidor – responsável por 85% da produção de aço no país – no mesmo período, ele começou o processo de nacionalização da empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA), ação concluída em 2007.
Em 2002, foi derrubado por um golpe de estado apoiado pelos EUA e por setores empresariais e da mídia da Venezuela. O golpe durou menos de 48 horas. Centenas de milhares de pessoas, a maioria pobres, foi para as ruas contra o golpe, exigindo sua volta, e ele acabou sendo libertado e reassumindo a presidência. 
No ano passado, o presidente da Venezuela anunciou a nacionalização de 11 plataformas de petróleo norte-americanas vinculadas à empresa Helmerich & Payne. Anteriormente, foi anunciada a estatização de fábricas do México, da França e da Suíça.
Na sua gestão, o venezuelano adotou como base as ações que se destinam à política assistencial envolvendo campanhas de alfabetização, de combate à desnutrição e à pobreza. Ao mesmo tempo, ele instaurou um regime militar rigoroso no país, modificou a Constituição – permitindo a reeleição sucessivas vezes – e alterou o sistema de funcionalismo público.
Política externa
O estilo Chávez de conduzir a política interna e se manifestar sobre as questões externas dividia opiniões. Amigo de Fidel Castro, ex-presidente de Cuba, de Muammar Khadafi, então líder da Líbia, e de Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, entre outras autoridades, o venezuelano não se esquivava de defender as pessoas próximas a ele. Em 2005 e 2006, ele foi incluído entre as 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista britânica The Time.
Em 2004, um grupo de manifestantes foi às ruas de Caracas pedir a saída de Chávez. Os protestos foram contidos pelas forças de segurança e, desde então, a relação do presidente venezuelano com a imprensa estrangeira passou a ser tensa. Segundo Chávez, a imprensa incitava o povo ao ódio, um dos alvos dele era a emissora de televisão Globovisión, que teve a concessão cancelada.
Bem-humorado, Chávez fez várias viagens ao Brasil. Em junho, quando fez a primeira visita oficial na gestão da presidenta Dilma Rousseff, ele usou muletas, pois alegou dores no joelho esquerdo. Anteriormente, havia desmarcado uma viagem também se queixando de dores no mesmo joelho. Porém, durante a vista a Brasília, brincou que seu mal era a idade. Em julho, ele compareceu à cerimônia de adesão da Venezuela ao Mercosul e indicou estar recuperado do câncer.
No entanto, em dezembro, quando houve a Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, na qual estava marcada uma cerimônia em homenagem à Venezuela, Chávez não participou. Em Cuba para tratamento de saúde, o presidente enviou uma delegação para as reuniões.
Fonte: TudonaHora

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